quarta-feira, 20 de setembro de 2006

"Viva a República Rio-Grandense!"



É difícil de escolher um dia do calendário que melhor simbolize a data mais importante do Estado do Rio Grande do Sul, conforme a história nos conta...
Tempos difíceis

O Império do Brasil, na primeira metade do século XIX, penava para manter sua integralidade territorial.

Animadas pelas idéias liberais da Revolução Americana em 1776 e os princípios da Revolução Francesa de 1789 eclodiram no país várias rebeliões tentando estabelecer governos de regime republicano: a Confederação do Equador no nordeste em 1824, a Cabanagem no Pará em 1835, a Sabinada em Salvador em 1837, a Balaiada no Maranhão em 1838 e a Praiera em Olinda em 1848.

Crise Econômica da Província do Rio Grande do Sul

No outro extremo do país, na província então chamada de Rio Grande de São Pedro do Sul, distante da capital, sofria com impostos pesados sobre os produtos que exportava: charque, trigo, erva-mate, couro, sebo, graxa.

A situação econômica piorou quando o governo imperial reduziu o imposto de importação do charque e aumentou o imposto de exportação do sal, insumo básico das charqueadas (fazendas).

A pouca atenção dada pelo governo central aos problemas da província do Rio Grande do Sul refletia-se também nas fileiras do exército imperial: embora a província tenha fornecido grande contingente de soldados nas guerras fronteiriças, os altos comandos do exército imperial eram reservados aos militares do centro do país.

A visão que se tinha do império era que a província sustentava as guerras e nada recebia em troca, chegando os gaúchos chamar a província de "estalagem do império".

Trinta Rebeldes conquistam Porto Alegre

Na esperança de que a deposição do então presidente da província Antônio Fernandes Braga viesse a solucionar a crise, na madrugada de 20 de setembro de 1835, um contingente rebelde de 30 homens acampou perto do palácio do governo. O comandante da guarda do palácio desceu com sua tropa para conferir a informação de que havia uma rebelião a caminho e foi recebido a bala pelos rebeldes.

Ao amanhecer, os rebeldes ocupavam os pontos estratégicos da capital, pensando que o presidente da província, Antônio Fernandes Braga resistiria. Bem que tentou, mas ao chamar as tropas leais ao império, apareceram apenas 17 homens. Abandonado, Antônio Braga voltou ao palácio, raspou o cofre e fugiu para Rio Grande, no extremo-sul da província.

Bento Gonçalves, o grande líder da revolução farroupilha, entra triunfalmente em Porto Alegre, mas jura fidelidade ao império.

A data de 20 de setembro ficou marcada como o dia mais importante do Estado do Rio Grande do Sul, embora os feitos de maior honra e bravura estavam ainda por vir nos próximos anos.

Agrava-se a Crise com o Império

O governo central nomeia novo presidente para a província: José de Araújo Ribeiro, que não era da confiança dos chefes farrapos, visto que a principal reivindicação dos rebeldes era alguém que defendesse os interesses econômicos da província.

Com a recusa da nomeação, o Império ordenou a transferência da capital da província para Rio Grande. Não haveria acordo.

Em Pelotas, um dos oficiais mais populares do exército imperial foi preso pelos farrapos e trancafiado em Porto Alegre.

Em represália, o Império retomou Porto Alegre na noite de 15 de julho de 1836. Três semanas depois, os farrapos, comandados por Bento Gonçalves contra-atacaram, sem sucesso. Entre 26 de junho de 1836 e 8 de dezembro de 1840, com dois intervalos, viveu sitiada pelos farrapos, mas a cidade nunca mais caíra nas mãos dos rebeldes.

A Batalha do Seival
O Coronel João da Silva Tavares era um militar competente e fiel ao Império. De todo o contingente da Guarda Nacional estacionada na província em 20 de setembro de 1835, foi o único oficial a não desertar em favor dos farroupilhas. Embora amigo de Bento Gonçalves, recusou-se conspirar contra o presidente da província, ao contrário, foi o primeiro que pegou em armas para defender o governo central. Sob seu comando, houve o primeiro encontro entre os farroupilhas e as tropas do império em 13 de outubro de 1835, em Arroio Grande, perto de Pelotas, derrotando os rebeldes. Pouco depois, emigrou para o Uruguai, quando os farrapos controlavam a maior parte do território.

Mas após a revolução completar um ano, o Coronel João da Silva Tavares resolveu voltar à província, de forma desafiadora "com alarido, chamando a atenção dos adversários, como num passeio militar". Em Bagé, estaciona as tropas num terreno alto junto ao Arroio Candiota. O General Antônio de Souza Netto, o militar mais respeitado pelos farrapos depois de Bento Gonçalves, sai ao seu encontro. É uma lição básica de todo livro de estratégia militar que a ocupação de um terreno alto representa uma vantagem tática no campo de batalha: "Nunca lance um ataque sobre um inimigo que ocupa um terreno alto; nem invista contra o inimigo quando há colinas que o apóiam" (Sun Tzu, A Arte da Guerra). Militar competente como era, o Coronel João da Silva Tavares seguiu o manual recomendado para a situação. Ao contrário, o General Farroupilha Souza Netto, corajosamente, postou-se no baixio do terreno, depois de atravessar o Arroio Seival. Para piorar as coisas, os farrapos estavam em inferioridade númerica, Tavares tinha 560 soldados, Netto, 430.

Após a primeira troca de fogo, as tropas embrenharam-se com as lanças e as espadas, num primeiro momento as tropas do império levam vantagem, mas a sorte daquele dia estava reservada aos farrapos. O freio do cavalo de Tavares quebrou-se e animal disparou, causando enorme confusão nas fileiras imperiais. Seus homens tentam reagir, mas o oficial que comandou o ataque feriu-se na coxa e as tropas se dispersam. Saldo doi dia: 180 soldados imperiais caíram em combate, 100 foram aprisionados e 63 foram feridos, enquanto que as baixas dos farrapos "foram mínimas", segundo o historiador Tristão de Alencar Araripe.

continua no próximo post acima...

Um comentário:

  1. O Rio Grande devia aproveitar, e se igualar a KOSOVO,conseguir aliados internacionais e se separar definitivamente do Brasil!!!!!

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