segunda-feira, 25 de setembro de 2006

O Começo do Fim da República

Batalha dos Farrapos de José Washtk Rodrigues


 


A cidade de Caçapava, a atual capital da República, que substituiu a cidade de Piratini, era um local onde os farrapos sentiam-se em segurança. Tão seguros que insistiam no cerco a Porto Alegre, tentando retomá-la.
Mas em março de 1840 a cidade é invadida de surpresa pelo exército imperial.

Hora da capital da República colocar o pé na estrada, pela segunda vez...

A "república andarilha" desta vez escolheu a cidade do Alegrete, nos confins da campanha, para ser a nova capital. Os equipamentos e arquivos da administração são colocados em carreta de bois e o comboio toma a estrada.

A Batalha de Taquari

A página do Gaúcho conta o que veio a seguir: "O episódio, entretanto (a perda de Caçapava), deixou claro aos republicanos que novas tropas estavam sendo recrutadas pelos imperiais e que o passar do tempo sem ações militares de maior envergadura os prejudicava. Aquelas alturas, sem esquadra ou mesmo um navio qualquer, Bento Gonçalves e os seus chefes militares tinham dificuldades, pois os imperiais eram senhores absolutos da Lagoa dos Patos, o que lhes permitia o acesso fácil com o Porto de Rio Grande e do Rio de Janeiro, de onde recebiam armas, munições, suprimentos e pessoal, que desembarcavam em Porto Alegre sem serem admoestados.

Enquanto os republicanos dispunham de tropas irregulares formadas pela gente simples do povo gaúcho, os imperiais dispunham de recursos fartos, de linhas de navegação e de novas tropas que formavam-se a cada dia.

Urgia, portanto, desencadear uma grande ação militar, capaz de decidir a consolidação da República, antes que o Império se reestruturasse militarmente e que fosse tarde de mais. Por decisão do estado maior republicano, concentraram-se suas forças, com o objetivo de em um único e grande combate, derrotarem definitivamente o Império e apoderarem-se de Porto Alegre. Num segundo momento, seria tentado o assalto ao Porto de Rio Grande.

Foi, então, necessário unir as tropas republicanas estacionadas em Taquari, com as de Viamão, leste de Porto Alegre fechando o cerco à cidade, isolando os inimigos que estavam ao norte e leste. Esta manobra também visava impedir que novos reforços oriundos da região sul viessem em sua ajuda.

Depois de algumas escaramuças com os imperiais, o general Zeca Neto e o General Bento Gonçalves, conseguiram, finalmente, nas proximidades do Arroio Azeredo, unirem seus exércitos, formando um único contigente de seis mil homens, sendo cinco mil na cavalaria e mil na infantaria. Nenhum dos dois dispunha de artilharia.

Apesar do assédio à Porto Alegre, esta operação tinha sido impedida diversas vezes pelas forças regulares imperiais acantonadas nas cercanias. De formas que o encontro de Zeca Neto e de Bento Gonçalves, com seus respectivos exércitos, foi comemorado nas hostes farrapas. Ali estavam todos os grandes chefes farroupilhas: Bento Gonçalves, Zeca Neto, Onofre Pires, David Canabarro, Teixeira Nunes, Giuseppe Garibaldi, Corte Real, João Antônio, Marcelino Manoel além de muitos outros. Ao lado de Giuseppe Garibaldi, Anita. Iniciada a marcha rumo a Porto Alegre, sabiam que logo seriam interceptados pelos imperiais, que sentindo ser necessário combater a força que a República havia formado, apressou-se o comando militar, sob a responsabilidade do general monarquista Manoel Jorge, em juntar todas as suas forças e opor-se a investida que armavam os republicanos. Dispunha do dobro de homens na infantaria, um número maior de cavalarianos e de duas companhias de artilharia.

Era o dia 03 de junho de 1840, quando, às oito horas da manhã, nas proximidades de Taquari, no passo do Pinherinho, sentindo que o combate seria eminente, perfilaram-se os dois exércitos, prontos para a grande e decisiva batalha, que decidiria definitivamente a unidade ou o desmembramento do império brasileiro.

A batalha, porém, não aconteceu com a totalidade das forças dispostas. Hesitações de ambos os lados, que não ordenaram o ataque definitivo, fizeram com que esta grande batalha se fracionasse em alguns encontros, aqui e acolá, por vanguardas de ambas cavalarias que encontraram-se no passo do rio Taquari e nas tentativas de cortarem um e outro movimento de suas vanguardas e retaguardas. É bem provável que Bento Gonçalves tenha hesitado em virtude do inimigo possuir pesada artilharia, enquanto ele não dispunha de nenhuma para contrapor-se. Assim, embora não ordenou o ataque final, que poderia ter derrotado os imperiais pela sua péssima localização geográfica, houve um confronto de significativas perdas para ambos os lados contendores.

Ao final do dia, os republicanos contaram 270 mortos, enquanto os imperiais registraram 201 baixas. Ambos os lados sentiram-se vitoriosos. Na verdade este encontro demonstrou um grande equilíbrio de forças, que quase nada alterou em termos de vantagens para um ou outro lado. Para Morivalde Calvet Fagundes, "... o número de baixas teve uma diferença insignificante. Depois do combate cada um seguiu para seu lado. Não houve perseguição ... Logo o combate terminou empatado, sem vencedor, nem vencido." Para ler o artigo completo, clique aqui.

Em junho do mesmo ano, o império conquista São Gabriel. Em julho Bento Gonçalves fracassa conquistar São José do Norte. Mais um fracasso dos farroupilhas ao tentar conquistar uma saída para o mar. Em novembro, Viamão, nas cercanias de Porto Alegre, foi conquistada pelo Império. Das 12 batalhas disputadas em 1840, os farrapos perderam nove.

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