domingo, 18 de março de 2007

De bombacha e sem emprego

O sonhado investimento de 1 bilhão de dólares na empobrecida zona sul do Estado do Estado do Rio Grande do Sul foi suspenso temporariamente. Trata-se de uma fábrica de celulose, prometida pelo grupo Votorantim, que foi assunto durante meses nos jornais locais e estaduais. Em Pelotas, a Câmara de Vereadores chegou a aprovar um projeto de lei autorizando a cidade firmar consórcio que repartiria com outros municípios da região o aumento da arrecadação de ICMS que a fábrica geraria.

A razão declarada pela suspensão do projeto da instalação da fábrica é o atraso no processo de licenciamento ambiental. Coincidência ou não, o anúncio veio depois dos assentados dos acampamentos do MST, por orientação do INCRA, destruirem as mudas de eucaliptos fornecidas pela empresa.

Some-se aos problemas de licenciamento ambiental a resistência de grupos radicais e de alguns políticos, que são manifestamente contra a vinda da fábrica, por temerem que a paisagem do sul do Rio Grande do Sul transforme-se num "deserto verde" de eucaliptos , matéria-prima das fábricas de celulose.

Na verdade, a zona sul do estado já se transformou num deserto verde, com tanta terra ociosa que existe.

Nesta região do estado não só a terra tornou-se ociosa, mas também a população assim ficou, dada a profunda crise de empregos. No fim de semana passado, em viagem por uma cidadezinha daqui de perto, cheguei a ver numa esquina dois homens adultos, sentados na calçada e encostados na parede. Acredito que o desânimo com a vida era tanto que quando encontraram-se sequer tiveram vontade de procurar por uma mesa para sentar. Sentaram ali mesmo.

Esse é o retrato da zona sul. Assentada numa paisagem verde, monótona, plana que fez a alegria de poetas e escritores no passado, mas no presente a população sofre com a falta perspectivas e de trabalho.

Quem melhor retratou a situação foi o prefeito de Arroio Grande, ao saber da suspensão do projeto, afirmou: "minha cidade tem 133 anos e dezenove mil habitantes, sabe por quê? Por que as pessoas vão embora para outros lugares atrás de emprego."

Com tantos problemas jurídicos e políticos, é possível que seja o investimento seja repensado para lugares em que haja maior receptividade para receber a fábrica.

E aqui fiquemos trovando de bombacha, chimarrão e sem emprego...

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