domingo, 27 de maio de 2007

Copa de 1978

Copa do Mundo de 1978, vinte e um de junho, 19 horas e quinze minutos, Seleção da Argentina precisava ganhar de 3 gols de diferença da Seleção do Peru para se classificar para a final. Ganha o jogo de 6 a 0  e deixa a Seleção Brasileira fora da final.

A situação da Argentina durante a Copa de 1978 podia ser resumida numa frase: em campo, tinha o matador Mário Kempes; fora do campo, tinha outro matador: Jorge Rafael Videla, presidente de fato, conhecido por suas violações aos direitos humanos.

Argentina e Peru foi talvez o mais controvertido jogo da história, com suspeitas de que houve favorecimento do jogo pró-Argentina.

Suspeita-se do goleiro Quiroga, argentino de nascimento, nacionalizado peruano.  Também suspeita-se um zagueiro peruano, que algumas semanas depois da Copa assinou contrato com o clube argentino, o  Velez Sarsfield.

No campo político-diplomático, também houve movimentos pouco usuais, com a visita inesperada do presidente Jorge Videla à equipe Argentina. E ainda antes do jogo, mais inesperado ainda, houve a visita de Henry Kissinger, conhecido diplomata americano.

Depois da Copa, houve uma doação de trigo do governo argentino ao Peru.

Deve ser anotado ainda que sem dúvida nenhuma a conquista da Copa representou uma sobrevida ao regime militar, sufocado, para variar, com a hiperinflação,  desemprego e desprezo pelas liberdades individuais.

Deu tudo no History Channel, que dedicou a esse jogo boa parte do tempo destinado à história da Copa do Mundo de 1978.

Não dá para dizer que a Argentina foi campeã apenas por que houve um acerto no jogo contra o Peru, pois tinha uma boa equipe e jogava com o apoio de sua fanática torcida. Mas tinha também alguns defeitos, pois a defesa falhava com freqüência, o que era compensado por ataque muito forte. Talvez tivesse o mesmo nível da seleção brasileira.

Assim, a suspeita sempre ficará no ar. De qualquer sorte, isso faz  28 anos, se houve justiça ou não, é sempre bom lembrar, como dizia Eduardo Couture, "confia no tempo como substituto bondoso para a justiça."

O que só não dá mesmo para perdoar foram as violações aos direitos humanos.

Um comentário:

  1. Eu era pequeno...
    Mas lembro desse jogo e do desconforto que o resultado gerou.
    Quiroga tinha altos e baixos. Fazia milagres e levava frangos. Ambos em uma proporção que não era comum aos goleiros da época.
    Talvez estivesse num mau dia.
    Do contrato com o Velez eu não sabia. Nem da doação de trigo.
    Mas 6 x 0 foi demais.
    Não era um amistoso. Era uma semi-final de Copa do Mundo!
    Os peruanos não podiam ter feito aquilo...
    Vai levar tempo pra ser assimilado esse golpe.

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