terça-feira, 15 de maio de 2007

Greve no serviço público

Desde 1988, data da promulgação da Constituição Federal, a greve no serviço público não foi regulada por lei. Até agora as greves no serviço público são feitas sem regra nenhuma, imperando a lei da selva.

Agora,   existe um projeto de lei que pretende regulamentar  a greve no serviço público.  Há um ponto que concordo e outro que discordo.

O que eu discordo é a necessidade da aprovação da greve por  2/3 da categoria em assembléia geral. Coisa que se nunca vai conseguir. Há, por exemplo, um milhão de servidores federais no Brasil. Assim, para declarar uma greve, conforme a proposta, teriam que ser reunidos 670.000 servidores numa assembléia. Verdadeiro absurdo.

Por outro lado, o obrigatoriedade de manter o serviço funcionando, mesmo que em greve, embora possa parecer estranho, na verdade não é. Acontece que todo o serviço público, exatamente por servir à coletividade é essencial e não pode ser interrompido. Se não for útil a população deixa de ser serviço público. Passaria a ser serviço privado com os grevistas sujeitos as leis que regulam a greve no setor privado.

Nem se pode alegar que a lei que se pretende regular a greve no serviço público é dura demais. O Brasil tem uma das legislações sobre greve das mais liberais do mundo. Ver seção 6 da constituição do estado americano da Florida:

SECTION 6.  Right to work.--The right of persons to work shall not be denied or abridged on account of membership or non-membership in any labor union or labor organization. The right of employees, by and through a labor organization, to bargain collectively shall not be denied or abridged. Public employees shall not have the right to strike. 

É claro que no Brasil, onde impera uma certa relatividade das coisas, seria impossível de se proibir pura e simplesmente  o direito de greve no serviço público, além do que, convém lembrar que há funcionários públicos que sequer recebem um salário mínimo.

E por outro lado, é situação corriqueira no Brasil que os maiores penalizados pelas greves no setor público seja a população pobre, que mais depende dos serviços públicos.

Um comentário:

  1. Entendo um pouco do que diz...
    Sou biólogo que trabalha na Secretaria Estadual de Saúde.
    Como biólogo, não entendo de doenças (se assim fosse, eles concursariam um médico e não um biólogo).
    Entendo de seres vivos e suas interações.
    Trabalho então na contenção de epidemias e supervisão do controle de endemias, tendo como objetivo, interromper o ciclo das doenças transmitidas por vetores, quando elas ainda estão no vetor, antes que afetem o ser humano. Quando chegam ao ser humano, o problema passa a ser dos médicos e dos injustiçados enfermeiros.
    Aí sim volto a dize que entendo um pouco do que diz.
    Como funcionário público, e com um salário nem tão ruim, pois tenho uma boa qualificação profissional e a SES tem um PCC, mas nem tão bom quanto eu gostaria, participar de uma greve do serviço público, poderia ser uma porposta tentadora.
    Acontece que se assim for feito, deixa-se de interromper os ciclos de transmissão das doenças por algum período. E por menor que possa ser esse período, pessoas que não teriam nada a ver com a minha "instisfação salarial" contagiar-se-iam com doenças irrecersíveis como doença de chagas, raiva, leishmaniose visceral, além de outras menos letais como dengue e malária.
    Quando optei por ser servidor público, tinha em mente que teria uma carreira estável e segura, mas que jamais me enriqueceria, e que a razão de eu desfrutar dessa segurança é a população que paga os seus impostos.
    Talvez esteja havendo uma certa "confusão" com alguns trabalhadores que ingressam no serviço público. Talvez seja a falta de um certo "esclarecimento" de qual é a sua função dentro do sistema.
    Cheguei a produzir um pequeno video amador sobre isso que está no You Tube e linkado aos meus blogs, mostrando a importância dos mais humildes trabalhadores da saúde e a sua influência na preservação da vida daqueles que nos pagam.
    Acho que há outras maneiras de se reivindicar os salários e mostrar o nosso valor e a nossa importância.
    Ok. Não me importo com uma greve dos fiscais de renda ou dos escrivães de polícia, mas quando se lida com vidas humanas, o nível de responsabilidade é diferente. Afinal, escolhi a "vida" como minha profissão. Seria uma incoerência trocá-las por salário.
    Desculpe-me o desabafo, mas seu post (excelente, por sinal) veio a calhar.
    Um grande abraço e continue nos brindando com seus posts inteligentes!

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