Evo Morales foi mais, digamos assim, astuto. Aprovou a nova constituição da Bolívia num quartel do exército, às portas fechadas.
Hugo Chávez submeteu democraticamente a sua nova constituição ao um plebiscito nacional e perdeu. Fracassou ao tentar impor ao povo uma Constituição que lhe dava poderes ditatoriais para controlar a Venezuela.
A reforma constitucional pretendida por Chávez concedia-lhe o direito de concorrer eternamente para presidente, aumentava o poder do Estado para promover desapropriações, limitava a propriedade privada, autorizava o poder executivo criar regiões autônomas por meio de decreto, extinguia a autonomia do banco central.
Enfim, tudo aquilo que pudesse ser feito (ou não feito) na Venezuela teria de ter as bençãos de Chávez.
Com o "socialismo bolivariano" prometendo o paraíso, que contrasta com as condições de vida da maioria do povo venezuelano, é admirável que a população tenha mostrado independência e rejeitado a nova constituição.
Na verdade, com o crescimento do autoritarismo de Chávez, o isolamento internacional da Venezuela, uma inflação crescente (a maior da Améria Latina) e rejeição do seu projeto autoritário, ao que tudo indica, o chavismo terá vida curta.
Importante notar que a "revolução bolivariana" necessita de do estado totalitário que Chávez queria criar com a nova constituição. Sem ela, não existe a essência do seu regime, fundado na idéia de que os erros do passado justifica a existência de uma ditadura para promover a justiça.
Com a sua rejeição, a Venezuela volta ao impasse e a incerteza para o futuro. Se é que a "revolução bolivariana" terá algum futuro.
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