sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cinismo e hipocrisia na demissão de Luís Carlos Prates da RBS

O polêmico jornalista gaúcho, Luís Carlos Prates,  da  RBS e colunista do Diário Catarinense, foi demitido após 23 anos de trabalho no grupo de comunicação.
Segundo os comentários da blogosfera, a razão teria sido um comentário na TV, considerado preconceituoso contra os pobres.
Na matéria, comentando o rotineiro massacre nas estradas, Prates afirma que "qualquer miserável pode ter um carro", o que causou indignação de parte da mídia.
A situação lembra quando fui fazer minha primeira CNH e um candidato tinha dificuldade de assinar o nome. A servidora perguntou ao sujeito se era analfabeto, mas ele não admitiu, afirmou que "tinha dificuldade". Foi mandado pra casa para treinar a assinatura, sendo esclarecido pela funcionária que qualquer pessoa que pretendia dirigir deveria ter um mínimo de noção de escrita. Nada mais que o óbvio, diga-se de passagem.
Fiquei pensando no que ia dar se liberam um sujeito desses nas ruas sem saber sequer o que dizem as placas de trânsito...
E o mais incrível é que nenhuma voz deteve-se no conteúdo verdadeiro do comentário que era sobre os mortos no trânsito.
Realmente, nossa sociedade tolera muito bem o sofrimento, a dor, a destruição de famílias causadas pelo trânsito, mas não perdoa quem tem uma opinião diferente, que possa desagradar um ou outro ouvinde.
De fato, o conteúdo dos comentários de Prates, num país de que todos os valores são, digamos, "relativos", que quase sempre contrariavam a opinião comum, o jornalista colocava-se numa posição desconfortável em relação à opinião pública.
Embora eu não concordava com suas opiniões a respeito do regime militar e às vezes seus argumentos eram fortes demais, eu achava suas ideias bastante sensatas quanto ao trabalho, casamento, família, educação, autoestima, poupança, respeito às mulheres e às leis. Valores que no país do jeitinho e da Lei de Gérson são bastante relativos, pois o que conta é o individualismo.
Por fim, tenho certeza que não demitido pelo "preconceito" no seu comentário. Acontece que a mídia do Grupo RBS é fortemente patrocinado por  revendedoras de automóveis, e qualquer comentário contrário a quem vive além das suas posses, muitos andando com seus carrões por aí, poderia causar prejuízo ao grupo econômico.
O Diário Catarinense comunicou que o espaço de Prates será substituído pela coluna "Cadeira de Praia".
De fato, Prates era muito melhor que isso.
Acabo de deletar o link do Diário Catarinense.

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