segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Presidente machão

Não sou de escrever assuntos internacionais neste lugar. Para isso existe a CNN, mas não posso deixar de dividir com a blogosfera minha reação à conferência dada por Mahmoud Ahmadinejad, Presidente do Irã, na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

Por si só o fato de haver uma conferência com esta figura nos Estados Unidos,  que na definição dos aitolás trata-se do grande satã,  já era surpreendente. Mas as surpresas não pararam por aí.

Eu já sabia que a conferência era hoje à tarde, e no intervalo dos estudos, só por curiosidade, liguei  a TV na CNN,  e a conferência estava em andamento.

Estava o reitor da universidade, Professor Lee Bollinger, fazendo o discurso de apresentação, exortando a platéia a comportar-se com civilidade, lembrando que a América é um país onde a liberdade de expressão é uma das garantias constitucionais mais importantes e ditou as regras das perguntas que seriam feitas ao líder iraniano.

Nenhuma novidade. Típico protocolo acadêmico.

Entretanto, aos poucos, seu discurso mudou e como um verdadeiro promotor de justiça no tribunal do júri,  passou a comentar sobre as violações de direitos humanos no Irã, o discurso anti-semita de Mahmoud Ahmadinejad, a prisão de dissidentes políticos, a condição das mulheres na sociedade iraniana e as acusações de que o Irã está construindo a bomba atômica.

Encerrou o discurso dizendo: "o senhor me parece um perigoso ditador".

Mahmoud Ahmadinejad, na sua vez de falar, disse que se sentiu ofendido com as acusações, mas não se abalou com isso e que no seu país as pessoas respeitam os convidados.

Passou Mahmoud Ahmadinejad a fazer um longo discurso religioso, com metáforas bíblicas. Desisti de ouvir e fui estudar.

No intervalo voltei. Acho que foi  a parte mais divertida.

Mahmoud Ahmadinejad foi questionado sobre a condição da mulher e dos homossexuais na sociedade iraniana. A questão que é um eterno ponto de tensão entre o oriente e o ocidente, já que na sociedade do islã, por força das leis e dos costumes, homens e mulheres não têm os mesmos direitos, devendo a mulher casada obediência ao marido, e enquanto solteira, ao pai. Crime de adultério,   por exemplo, é punido com a pena de morte.

Respondeu Mahmoud Ahmadinejad que nos Estados Unidos também existe pena de morte para caso de tráfico de drogas. Mas o estudante insistiu na pergunta dizendo que não se tratava de tráfego de drogas e sim  da condição da mulher e dos homossexuais na sociedade iraniana.

Mahmoud Ahmadinejad respondeu simplesmente: "No Irã não temos problemas com homossexuais como nos Estados Unidos."

A platéia delirou de risos.



Um comentário:

  1. O Irã que nem mesmo fronteira com Israel possui poderia, se quizesse, agir positivamente na pacificação de boa parte do Oriente Médio, principalmente nas relações entre Israel, Palestina e Líbano. Infelizmente entretanto Mahmoud Ahmadinejad tem outros planos para esse problema.

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